Sinto muito, mas,
neste Natal, não irei ao seu encontro.
Enquanto mastigar o peru, lembre-se de mim.
Enquanto tomar um champanhe ou uísque importado,
lembre-se de mim.
Enquanto exibir as roupas e os sapatos, adquiridos
numa
loja de requinte, lembre-se de mim.
Entretenha-se no parque de diversões, coma maçã,
coma bolo, coma,
enfim, o que convier.
Se porventura alguém perguntar porque não irei ao
seu encontro, ainda que duvidando da minha
existência, diga que fui visitar os nossos irmãos da
caatinga, flagelados da seca inclemente. Fui ter com
as criancinhas famintas, andrajosas e tristes que
choram, em silêncio, diante da chama fumegante de um
candeeiro.
Por favor, amigo, não me telefone.
Estarei também com os meninos de rua, nos morros e
favelas.
Por favor, não me mande cartas nem telegramas.
Estarei nos palcos de guerras e conflitos, tentando
tornar
flexíveis os corações mais empedernidos.
Por favor, não me mande E-mail. Eu me encontrarei na
solidão dos desertos e oceanos. Poderei ser visto,
ainda, nos asilos, hospitais, presídios...
Escuta, não é difícil de me encontrar. Facílimo é
você não ouvir a minha voz, não entender a mensagem
dos meus mansos olhos, não sentir a minha dor
profunda.
Mire-se no céu. Está vendo as estrelas? Pensa que
são os olhos dos anjos?...
É lá onde moro.
Amigo, eu não perco de vista nem um grão de areia de
suas pegadas.
Se você quer celebrar o meu nascimento, sem
lembrar-se de mim, sinto muito mas não irei ao seu
encontro, mesmo que você ostente na sala de estar
uma enorme Árvore de Natal com um robusto Papai Noel
sobre um lindo
trenó à luz dos pisca-piscas.
Por favor, procure-me! Você já sabe onde estou... e
o seu Natal será o mais belo do mundo.
Dedico esta mensagem a todos que acessam este
conceituado
PORTAL SALGUEIRO
Poeta Ivo Júnior
- Salgueiro - PE.