Sertão
Marcos Antonio Alves de Sá

Quem não conhece o sertão
Acha que tudo é brincadeira
Umbigo enterrado debaixo da porteira
Para alguns é pura alucinação

Quando o filho vai embora
A mãe entra em desespero
Chorando pelo terreiro
Sem saber se um dia ele volta

De tudo seu ela zela
Num cantinho bem guardado
Porta do quarto trancado
Ali o gibão a perneira e sua sela

A mãe vive sofrendo
Com a ausência do filho querido
Lava com lágrimas o coração ferido
Sente que aos poucos vai morrendo

Seu cavalo e seu cachorro
Vivem tristes desolados
Antes caminhavam lado a lado
Hoje vivem sem consolo

Na esperança de um dia 
Ver seu dono retornar
A sua mãe abraçar
Volta a reinar alegria

Assim é a sua volta
Tudo volta ao normal
Até o seu animal
Vem deitar na sua porta

Campear a vaquerama 
Montado no alazão
Lhe dando cobertura vai o cão
Fazendo o que sabe mais 

A tarde volta pra casa
Recebe o amor da mãe querida
Diz que nunca nessa vida
Vai embora nunca mais.

Marcos Antonio Alves de Sá

Publicada em 09 de março de 2009