Meu Salgueiro é
açude novo
É o nascer de um sol nascente
Meu Salgueiro é um açude velho
É um espelho de um sol poente
Meu Salgueiro é um riso quente
Meu Salgueiro é água nos olhos
É a força de uma corrente
Meu Salgueiro é toda a gente
É Pai véi Mãe Titia e é Véinha
Na canção de ninar na ladainha
É Seu Cancão e a doce Dona Zefinha
É a "bença" ao Padim Ciço Cancão
É batismo na fogueira de São João
De quadrilha, de bloco e de troça
É meu cantar no caminho da roça
É Ciço botando pra "desbruguelá"
Quando Salgueiro faz um riso raiá
No arraiá de sonhos de uma criança
Tem Marco Pólo circo na lembrança
É meu lembrar de toda vizinhança
De Seu Antonio Bernardo e Dadá
De Dona Francisquinha e Expedito Leá
Da simplicidade de Ciço Xavier
Vem amigo num pulo, Pulinho ele é
Beatriz sabe bem do amor de Dedé
Senta na calçada Birô e Zé Pau-Ferro
Vem o som que se avizinha num berro
É carro de banana é a venda no grito
É a flor Dona Rosa é de Zé Benedito
É o amor que é Názinha de Zé Brito
É Seu Joaquim Honório e Dona Socorro
Descendo na rua é Sebasto do Morro
Se for peito materno é Mãe Panta
É meu leite sagrado é uma santa
Salgueiro é planta e plantando dá
Dá café cheiroso no pilão de Zabé
Dá gente boa, dá bons frutos no pé
Dá união de irmãos Damião Peba e Zé
Damião esse é bingo é o bingo
É sorte nem que seja um só pingo
Meu Salgueiro num dia de domingo
É minha gente
lá no Salgueirão
É a velha torcida com novo refrão
Vai meu time ganhar ou ganhar
Vai matar nossa sede e fome
Vamos ter esse orgulho no nome
Meu Salgueiro hoje é meu carcará
É festa divina é de se apaixonar
É Zé Paixão orquestrando Salgueiro
É banda de pífano é Luizão fogueteiro
Salgueiro é meu poema mais doce
Meu forró é de verso brejeiro
É Limão com Mel é Zezito Doceiro
Salgueiro é
povo de sonho e de arte
Salgueiro é o porta-estandarte
É do povo o melhor carnaval
É bicharada puxando a corrente
É Mestre Jaime frevando na frente
No volante Paulo Silvino é o tal
É o bom Jurandir fantasiado de mal
É o desfile das virgens "piruas"
É João de Zabé desfilando nas ruas
Na passarela se veste de dama
É mela-mela é talco e é lama
É Antonio Grosso despido de fama
Salgueiro é
carnaval e enfeitiça
Vem um bloco de sãos na "doidiça"
Camarão ô tatí ô tatá dá um treco
É Tutuzinho com o seu reco-reco
Vem toda assanhada vem ai Mucurana
Vem pra folia a mais linda Nanô
É um cheiro de Tião em Maria Fedô
Depois de uns dois ou três goles de cana
Vem Maria o teu carnaval não passou
Meu salgueiro é
de tudo orgulho
Salgueiro é meu tempo é o embrulho
Com conteúdo presente e passado
É bairro de aparecida é meu prado
É de passado e presente o Salgueiro
É o belvedere é serra do cruzeiro
É na mutuca é num pé de imbuzeiro
É Amazônia de Odom é ponte de trem
Na mesma estação se espera um bem
É um alguém que a saudade quer ver
Na Boa Vista se avista e se crê
Pedro Baiano Pernambuco é você
Que sabe ser de Janeiro a Janeiro
É Zé do Mestre o eterno vaqueiro
É Luar de São Jorge é de santo guerreiro
Meu Salgueiro é de silvas e santos
Meu Salgueiro é de todos os cantos
Santo Antonio é o meu padroeiro
Hélio Ferreira
Publicada em 30
de Março de 2008