O Salgueiro da Minha Infância
Wilson Monteiro

Em sonhos
O Salgueiro dos anos 60 se faz presente.
Salgueiro parecia um desses lugares que querem crescer.
O silêncio, reinando em todos os instantes..
Carros? quase nenhum na rua.
As brincadeiras na Rocinha, a Escola Osmundo Bezerra,
Dona Letícia, a professora inesquecível.
Dr. Canejo, o médico que hipnotizava;
Dr. Severino e Dr. Romão eram os médicos da família.
Atendiam no lar e não cobravam.
As campanhas pela prefeitura:
Margarida e Boca Preta.
Lembro-me com saudades dos anos 60.
A Escola Osmundo Bezerra,
A padaria do meu pai, o bairro da Bomba,
Boléu, um negro que até hoje me vem na lembrança.
Os banhos no Açude Velho...
Plínio Salamão, o homem mais valente da Floresta dos Navios.
O Cabaré de Maria Isabel,
João se fazendo de mulher, Antonio Grosso à caráter
Vestido de noiva vendendo revistas "Manchete".
O foguetório na Praça da Matriz nos festejos de Santo Antonio
Mestre Jaime no Carnaval.
No futebol, o Guarany e depois a Seleção Estudantil.
O que eu mais gostava  
era de olhar as peladas e as jogadas de Berrada.
quem não lembra Berrada?
desfez-se num sonho de craque.
Nas noites dos anos 60, histórias do Padre Velho
Atordoava a criançada.
Ele foi visto no Boi Morto, dizia alguns.
Outros contavam que o Padre atormentou um vaqueiro.
Às 11 hs, o apito do trem.
Dormia com medo de Deus.
Pregava-se que havia um Deus que punia,
hoje sei que Deus é amor.

Wilson Monteiro

Publicada em 04 de Abril de 2006