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Paciência de Quichó
Juraci Oliveira Costa
Na trilha é
erguido sorrateiro
Um buraco no chão a espreitar
A vinda de um preá ou um mocó
Uma cobra também pode cair
A surpresa vem na hora
De retirar a presa reticente.
O sertanejo inventa e projeta
Armadilhas pro sustento familiar
Quichó, puçá ou arapuca
Apetrechos de serventia laboral
Animais e peixes despercebidos
Caem inocentes ainda vivos.
A ceia da família é garantida
Na seca é fartura natural
O controle é irracional
A fome fala mais alto
O quichó vira instrumento
O trabalho dele é só esperar.
Armado com uma tábua indelével
Sutil, matreiro e traiçoeiro
Ardiloso, usa o mimetismo da natureza
À noite, é preferência do armador
Basta ter paciência na solidão
Ao dia garantia de satisfação.
O ser humano bem que podia copiar
A amplitude desse dito popular
Ter paciência com fé e esperança
Para o amor suplantar desatinos
Do sertão guardo lembrança
Armei quichó nos tempos de menino.
Juraci Oliveira Costa
Publicada em 26 de julho de 2011 |
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