Era eu mesmo o
menino da praça
Que carregava comigo um papelão
Pra forrar à calçada quando deitava
Ali eu falava com Deus em oração
E além do papelão que me protegia
Eu sonhava na certeza que um dia
Realizaria meu sonho de ser cidadão.
Andei muitas vezes de pés descalços
A sentir na pele espinhos e frustração
No outdoor da vida era eu esquecido
A esconder meu rosto com o papelão
Minha história talvez não tenha graça
E quem sabe outro que caído na praça
Num cachimbo em fumaça de papelão.
O segredo da vitória é correr pra vencer
De maneira humilde e com determinação
Na biblioteca da vida de livros humanos
Aprendendo no dia-a-dia a melhor lição
E na escola da vida social ser o doutor
A viver na rua como um bom sonhador
A buscar o diploma de “um ser cidadão.”
Osvaldo Nunes de Barros/Policial, amigo e
salgueirense.
Dedicado as pessoas
que ainda hoje moram nas ruas ...