Fui iludido
Criei fantasias
Sofri derrotas
Vivi de ilusão
Caminhei no escuro
Viajei no firmamento
Fumei e consumi drogas
Fui levado pelo infortúnio
Conheci amigos desiludidos
Famílias em amargura
A rua era morada constante
Vaguei como sonâmbulo
Acordei em cela de delegacia de polícia
Nunca recordava do acontecido
Fugi de casa de recuperação
Meu organismo só pede droga
Voltava sempre pra sarjeta
Picos, fumaça e cheiração
Cotidiano do andarilho sem rumo
Viciado pelo erro anormal
Incompreendido social
Remanescente de geração excluída
Perambulante de ruas escuras
Faminto do desconhecido
Amor pela desesperança
Retiro de irmãos desafortunados
Consciência ceifada pelo vício
Esperança esmagada pela sensação
Ódio da vida sedentária
Dias e noites de fadiga
Ócio propagador da futilidade
Irmandade da insensatez ilusória
Sou um morto vivo em letargia
O horror toma conta do meu ser
Vivo uma vida sem sentido
Não luto por vida ideal
Cheguei ao fundo do poço
Minha vida é infernal.