Meu Caderno
Emissael Alves de Barros

Eu vejo triste o serrado 
Veredas por onde passei
O velho açude seco
E o casebre no chão
Rastros do gado já magro
A ossada mais além

Eu lembro o meu roçado
Ao lado a velha porteira
Eu choro com a lembrança
Meu rosto se banha em lágrimas
Foi aqui a minha infância
Onde hoje não é nada

Eu canto pra não chorar
E vivo pra não morrer
O meu desgosto é profundo
Minha lembrança é tanta
Ao encontrar meu caderno
Debaixo do velho escombro

Olho folha por folha 
Quase nada entendo
Rabiscos são as letrinhas
Do meu primeiro abc
Na última capa escrita
Papai do céu eu te amo.

Emissael Alves de Barros
Poeta salgueirense.

Publicada em 03 de Janeiro de 2011