Medo
Ivo Martins Vieira Júnior
Não faça essa gente grande
medo às criancinhas,
senão de sepulcros vis
horripilantes fantasmas
despertarão gemendo
feito caveiras diabólicas;
senão dos cemitérios
levantar-se-ão, em pânico,
defuntos lazarentos...
As criancinhas não podem saber
que as cruzes de madeira
racham, com estrépito, ao meio...
e uma velha desdentada,
unhas de lobo, olhos de morcego,
corcunda, extremamente pálida,
corre atrás de um homem solitário
que, à noite, tremendo os lábios,
cruza um caminho deserto.
As criancinhas não podem ouvir
as gargalhadas de tantas sombras
que acompanham os passos
de um viajor desnorteado,
nem o murmúrio soturno
de esqueléticas aves agourentas
sobre catacumbas abandonadas...
nem o assopro de tenebrosos ventos
que apagam as velas de cera
e arrastam cadavéricas mortalhas...
- Valha-me, Deus! Estou com medo!
Melhor terminar o poema por aqui.
Poeta Ivo Júnior
Publicada em 06 de Maio de 2014 |