Sou poeta, sim!
Não tenho nenhum segredo na vida,
contudo minha existência
é o mistério de algum mistério
que a poesia esqueceu de me revelar.
Minha alma, errante,
(Foram tantos milênios!)
esteve perdida no mundo
em busca de uma fonte
para matar a terrível sede.
Sou poeta, sim!
Não fugirei da ilusão
porque desde muitas auroras
eu a tenho no meu leito,
dormindo comigo, sossegada,
e seus olhos de saudade lânguida
não se fartam de me olhar.
Dentro do meu ser imprevisível,
porejam alegrias, fluem tristezas...
e eu não consigo compreender
a impulsividade dos sentimentos.
Eu tenho saudade de um mundo
que jamais conheci.
Tenho saudade de um caminho
que nunca cruzei.
Tenho saudade, ó céus, de uma saudade
que em momento algum senti.
Sou poeta, sim!
A morte fareja minhas pegadas,
entretanto não creio nela.
O que espero do amanhã,
está escrito em um poema
que ainda há de nascer.
Sou poeta, sim, e nada mais me comove!
Poeta Ivo Júnior