Do outro lado do arco-íris,
eu edifiquei uma cidade sem nome.
Com as tintas do mesmo arco-íris,
deixei escrito em cada esquina
um verso inviolável.
Durante sete manhãs e sete noites,
fui rei e fui mendigo;
fui carrasco e fui vítima;
fui luz e fui escuridão...
Aprendi a decifrar enigmas,
entretanto não consegui entender
o segredo das nuvens transparentes.
Nas sete ruas da cidade sem nome,
inventei um sonho colorido
no qual fui anjo e fui palhaço;
fui Deus e fui demônio;
fui razão e fui quimera...
Depois banhei os olhos numa chuva morna,
enquanto relampejava em minha alma.
Do outro lado do arco-íris,
dei um laço na Linha do Equador
e desenhei mapas de países inabitados.
Mas somente quando bebi perfumes,
em sete potes de ouro,
foi que comecei a edificar outra cidade
com as poucas lágrimas que me restaram.