Do Outro Lado do Arco-Íris
Ivo Martins Vieira Júnior

Do outro lado do arco-íris, 
eu edifiquei uma cidade sem nome. 
Com as tintas do mesmo arco-íris, 
deixei escrito em cada esquina 
um verso inviolável. 

Durante sete manhãs e sete noites, 
fui rei e fui mendigo; 
fui carrasco e fui vítima; 
fui luz e fui escuridão... 
Aprendi a decifrar enigmas, 
entretanto não consegui entender 
o segredo das nuvens transparentes. 

Nas sete ruas da cidade sem nome, 
inventei um sonho colorido 
no qual fui anjo e fui palhaço; 
fui Deus e fui demônio; 
fui razão e fui quimera... 
Depois banhei os olhos numa chuva morna, 
enquanto relampejava em minha alma. 

Do outro lado do arco-íris, 
dei um laço na Linha do Equador 
e desenhei mapas de países inabitados. 
Mas somente quando bebi perfumes, 
em sete potes de ouro, 
foi que comecei a edificar outra cidade 
com as poucas lágrimas que me restaram.

Poeta Ivo Júnior

Publicada em 18 de agosto de 2013