Cidade dos Loucos
Ivo Martins Vieira Júnior

Na cidade dos loucos, 
não há quem tenha, realmente, 
Sequer um grama de juízo. 
Todos são loucos diplomados 
com firma reconhecida 
nos cartórios de insanidades mentais 
sexuais, etc. 

Na cidade dos loucos, 
a noite é de Lua-Cheia... de loucuras. 
Lá as autoridades honram 
suas funções de debilidades administrativas. 

Na cidade dos loucos, 
o advogado de defesa, acusa. 
O advogado de acusação, defende. 
O juiz é condenado a dois minutos de prisão 
por achar que o réu e o promotor 
não giram bem da cabeça. 

Na cidade dos loucos, 
todos vivem felizes. 
Todos reconhecem que são loucos. 

Na cidade dos loucos, 
o padre chega aos oitenta anos 
de greve de comilança 
por maiores sacrilégios. 
Nas horas vagas 
decide com o sacristão o destino da classe 
Jogando dominó. 

Na cidade dos loucos, 
o excelentíssimo senhor prefeito 
é condecorado com a medalha de louco do ano, 
e dos anos posteriores. 
Já o capitão não passa de um punhado de farinha 
misturada com feijão. 

Na cidade dos loucos, 
o coveiro não enterra defunto morto. 
O padeiro assa "o pão que o diabo amassou". 
O leiteiro tira leite de sapo. 
O dentista faz canal na boca da noite 
E extrai dente de alho. 

Na cidade dos loucos, 
todos vivem felizes. 
Todos reconhecem que são loucos.

Poeta Ivo Júnior

Publicada em 04 de Agosto de 2013