Na cidade dos loucos,
não há quem tenha, realmente,
Sequer um grama de juízo.
Todos são loucos diplomados
com firma reconhecida
nos cartórios de insanidades mentais
sexuais, etc.
Na cidade dos loucos,
a noite é de Lua-Cheia... de loucuras.
Lá as autoridades honram
suas funções de debilidades administrativas.
Na cidade dos loucos,
o advogado de defesa, acusa.
O advogado de acusação, defende.
O juiz é condenado a dois minutos de prisão
por achar que o réu e o promotor
não giram bem da cabeça.
Na cidade dos loucos,
todos vivem felizes.
Todos reconhecem que são loucos.
Na cidade dos loucos,
o padre chega aos oitenta anos
de greve de comilança
por maiores sacrilégios.
Nas horas vagas
decide com o sacristão o destino da classe
Jogando dominó.
Na cidade dos loucos,
o excelentíssimo senhor prefeito
é condecorado com a medalha de louco do ano,
e dos anos posteriores.
Já o capitão não passa de um punhado de farinha
misturada com feijão.
Na cidade dos loucos,
o coveiro não enterra defunto morto.
O padeiro assa "o pão que o diabo amassou".
O leiteiro tira leite de sapo.
O dentista faz canal na boca da noite
E extrai dente de alho.
Na cidade dos loucos,
todos vivem felizes.
Todos reconhecem que são loucos.
Poeta Ivo Júnior