Bar - Ilusão e Descontração
Juraci Oliveira Costa
Dia
a dia aparece em um bar
Estranhos a se confabular
Com histórias mirabolantes
Sobre a vida pessoal de cada um
Fala-se de esposa, amante e amiga
De pai, irmão e avô
Comenta-se de tudo
Rapariga tem lugar garantido
Após cada gole de pinga ou cerveja.
No início tudo é natural
O som é audível e bregueiro
Cada um conta sua façanha
De traição e infelicidade
E haja goles e mais goles
Sempre com segundas intenções
De bem o ou de mal
Se tem algum corno é diferente
O importante é dialogar
Com o parceiro de infortúnio.
Depois de certo tempo
Já com as cabeças quentes
Falam alto e até gritam
Pedem prá aumentar o som
Pois vão ficando surdos
A cana já ronda o juízo
Os assuntos já incomodam
Aí vem as lembranças negativas
Que os levou até o local.
Vão pedindo a saideira,
A caideira e a de Jair
E nesse lenga, lenga o tempo passa
Começa a mijadeira, a cuspideira
O tira gosto já não faz efeito
Algum já sonolento curte uma madorna
Acorda só prá tomar uma dose
E volta a letargia
E assim o dia vai findando
E o dono do bar aguardando prá fechar.
Essa é uma rotina triste
Dos pés de cana, inchadinhos e papudinhos
Que se contentam com pouca coisa
Basta uma mesa de bar ou um balcão
Para se sentirem felizes
Dormir, a calçada conforta
Aos desabrigados, abandonados pela família
Esmolar, para manter o vício
E morrer aos poucos sem ressentimentos
É assim o cotidiano dos incompreendidos.
Juraci Oliveira Costa
Publicada em 06 de Abril de 2010 |