A seca
era tirana
O
cachorro magro nem latia
A
cacimba seca torrada
Do
gado só a ossada
Meu
louro triste não falava
O
alazão fraco nem corria
A
comida quase acabando
Os
lamentos todos os dias
Os
meninos já magros
A
mulher só a barriga
Dentro da casa singela
Pegava-me com todos os santos
Saía o dia entrava a noite
Nem
uma promessa de chuva
Já
estava quase indo embora
Sem
despedir de Maria
Mas
quando olhava os filhos
O
coração se partia
No
vaso ainda tinha feijão
Arroz na casca café em grãos
De
dez a dose galinhas
Um
pouco de coragem e fé
E
uma panela de barro
Para fazer um pirão
Na
madrugada a chuva
De
manhã a cacimba cheia
O
louro cantando o bendito
Os
guris alegres pulando
E
eu agradecendo a Deus
Abraçado com Maria
Emissael Alves de Barros
Poeta salgueirense.