Uma voz me chama insistentemente.
Ouço-a tão claro e perceptivelmente
que penso ser aquela mesma voz,
oriunda de um tempo remoto e atroz.
Quando ainda eu não me conhecia,
por mim ela chamava... somente a mim queria.
Parece com a voz de uma alma agonizante,
e é grave como a voz do mar sussurrante.
E eu pergunto, com a voz embargada,
quem é ela e por que não fica calada...
De onde vem e o que de mim deseja...
Mas de que serve, Deus, tanta peleja,
se eu sei que é a voz da razão,
irada, brigando com este meu coração?!...
Poeta Ivo Júnior