A Sina de Maria
Ivo Martins Vieira Júnior

Maria anda errante,
sem lar, desnorteada.
os bordeis não mais
abrem-lhe as portas. 
Maria chora, sozinha,
no submundo da vida.

Em íntimo solilóquio,
deseja saber onde estão
os lascivos doutores de gravata,
os boêmios, os viajores...

Maria que já teve consigo
o calor de tantos abraços,
treme de frio nas sarjetas!

Maria envelheceu.
As fétidas pústulas
incomodam-na sobremaneira!
O corpo (Quantos homens já não
Dormiram sobre ele?...)
é um amontoado de lamúrias!

Maria é alvo de vilipêndios.
Todos a rejeitam, e cospem-na,
e escarnecem-na, e apedrejam-na,
como fizeram a outras míseras!

Maria, lentamente, morre,
sem lar, sem paz, arrependida,
no calvário da triste sina!

Poeta Ivo Júnior

Publicada em 25 de Fevereiro de 2012