Um
homem andava no deserto
E via como era difícil semear a
semente
Pela falta de água, pela força do
vento
Mas mesmo assim olhava à frente
Desejava um camelo para prosseguir
Só sentia a presença de alguns
abutres
Chegava a ouvir alguns murmúrios
Pareciam de gente, ora pareciam
demônios
E o cercavam em sombras arrepiantes
Já não sabia quem fosse as pessoas
Talvez Pôncio Pilatos, Barrabás
Quando em estátua de poeira era
Judas
Tremia mas não tinha medo
Sentia que Jesus estava ao seu lado
E que a glória ia lhe conduzir a
travessia
Pois caminhando começava a chover
Olhava para trás via a estátua
desmanchando
Levando em mente somente a máscara
Após algum tempo pregando a palavra
Aquele homem sentia reinar a justiça
Retornando novamente ao deserto
Já quase não havia seca estava tudo
verde
Uma árvore frondosa brotando frutos
E ao olhar para baixo a máscara
empoeirada
O homem dizia para a máscara:
Arrependei-vos, porque está próximo
Porque este é o requerido pelo
profeta
A sua voz é a que grita no deserto
Preparai o caminho do senhor
E endireitai suas estradas (Mateus
3:1-3)
A máscara nada respondeu.
Emissael Alves de Barros
Poeta salgueirense.