Aos amigo faladô - os veríssimos de
Altimar
Vô lhe contar u'a istóra
Dum cabra bem faladô
Num s'ingane meu sinhô
Quando iscutá o istalo
No ouvido cria um galo
Por causa da pinitença
Só um Jó tem paciença
Pra iscutá seu badalo
Zé badalo é apelido
Desse sujeito indecente
Pois quando pega nos dente
Um assuntinho quarqué
Fala mais que u'a muié
Tá quá maria das cobra
Fala que o tempo num sobra
Nem mermo o tempo dá fé
Quando vê um microfone
Ele fica inté neivoso
É um viço vicioso
Que o danado foi pegá
Quando começa a falá
No microfone do povo
Escuta um grito: De novo!
Vamu vê quem vai guentá!
Dispôs da tá palestra
Em que só ele falô
O povo que iscutava achô
Que só o sujeito fala
Com boca de sino badala
Dói nos miolo da gente
Num ai juízo que aguente
Quarqué cristão se abala
Fala pelos quatro cantos
Inté pelos cotovelos
Só num iscuta os apelos
Pra acabá cum o badalo
Faz muito tempo que falo
Um tá ditado antigo
Num se ispante amigo
Se Zé dé bom dia a cavalo
Mas o cabra é sastifeito
Casou com u'a sujeitinha
Dessas muié caladinha
Que só fala: Sim sinhô!
Num é que ele apruveitô
Das fraqueza da danada
Fala inté nas madrugada
E se cala na hora do amô
Quando ela diz: Sim sinhô!
O Zé entra na *calada!
*(Zé, calado, que num é besta, na calada
da noite meus amigos,
pra num acordar os vizinhos, os
bichinhos, etc.)
Hélio
Ferreira