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Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2017

 

Sem espaço, barco de resgate do Titanic só pegou cadáveres mais "bem vestidos"

Em série de telegramas entre operadora do Titanic e embarcação de resgate foi descoberto que centenas de corpos da 3ª classe foram jogados ao mar

Último Segundo

 

Foto: Wikimedia Commons

 

Novos documentos revelam que os corpos de passageiros da terceira classe do Titanic foram jogados ao mar para que cadáveres da primeira e segunda classe pudessem ser resgatados e retornados aos familiares para o funeral.

Uma série de telegramas entre Mackay-Bennet, o principal navio de resgate dos corpos das vítimas, e White Star line, a empresa que operava o Titanic, mostram como realmente foi feita a operação de resgate depois do naufrágio.

A tripulação do Mackay-Bennet foi surpreendida pelo número de corpos resultantes do desastre e tinha espaço limitado em seu navio. Foi determinado, então, que corpos da primeira e segunda classe seriam priorizados. Eles foram resgatados, embalsamados e entregues às famílias.

Enquanto isso, os passageiros da terceira classe mortos na tragédia foram jogados às profundezas congelantes do Atlântico Norte. Seguindo tradição marítima, membros da tripulação também foram deixados na água. No total, 116 dos 334 corpos recuperados foram despejados, de acordo com o "Daily Mail".

A difícil decisão foi tomada pelo capitão do Mackay-Bennet, Frederick Larnder, porque sua embarcação enfrentava dificuldades para lidar com a insuficiência de espaço e suprimentos de embalsamamento para todos os mortos.

Os cadáveres dos passageiros foram separados por classe de acordo com vestimenta ou itens pessoais. As ordens do capitão Larnder ficaram registradas em 181 telegramas que só foram descobertos mais de 100 anos depois.

Em uma mensagem enviada ao Mackay-Bennet do porto de Halifax, no Canadá, para onde os corpos eram levados, a White Star diz ser “absolutamente essencial que sejam levados ao porto todos os corpos que a embarcação conseguir acomodar”.

“Um registro cuidadoso de todos os documentos, dinheiro e itens valiosos encontrados nos corpos. Não seria melhor enterrarmos todos no mar a não ser que familiares solicitem que sejam preservados?”, respondeu a embarcação.

Entretanto, de acordo com o especialista em Titanic, Andrew Aldridge, a escolha do capitão não pode ser julgada. “Nós estamos vendo esses telegramas agora, na estrutura social de 2017. O mundo era muito diferente em 1912, com classes bem definidas, e pouco se refletia sobre priorizar uma pessoa rica em detrimento de uma pessoa pobre, morta ou viva”.

 

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