Resiliência (Psicologia)
A resiliência
é um conceito psicológico emprestado da física
definido como a capacidade de o indivíduo lidar
com problemas, superar obstáculos ou resistir à
pressão de situações adversas - choque, estresse
etc. - sem entrar em surto psicológico. A
American Psychological Association define
resiliência como o “processo e resultado de se
adaptar com sucesso a experiências de vida
difíceis ou desafiadoras, especialmente através
da flexibilidade mental, emocional e
comportamental e ajustamento a demandas externas
e internas” (APA, 2010, p. 809). Sabbag (2012) a
define como: "resiliência é competência de
indivíduos ou organizações que fortalece,
permite enfrentar e até aprender com
adversidades e desafios. É uma competência
porque pode ser aprimorada: reúne consciência
atitudes e habilidades ativadas nos processos de
enfrentamento de situações em todos os campos da
vida". Do mesmo modo que em indivíduos,
organizações também apresentam competência
semelhante. Job (2003), que estudou a
resiliência em organizações, argumenta que a
resiliência se trata de uma tomada de decisão
quando alguém depara com um contexto entre a
tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas
decisões propiciam forças na pessoa para
enfrentar a adversidade. Assim entendido,
pode-se considerar que a resiliência é uma
combinação de fatores que propiciam ao ser
humano condições para enfrentar e superar
problemas e adversidades.
Fatores
Administração de
emoções
Refere-se à
habilidade de se manter sereno diante de uma
situação de estresse. Ressalta que pessoas
resilientes quanto a esse fator são capazes de
utilizar as pistas que leem nas outras pessoas
para reorientar o comportamento, promovendo a
autorregulação. Segundo esse autor, quando essa
habilidade é rudimentar, as pessoas encontram
dificuldades em cultivar vínculos e com
frequência desgastam, no âmbito emocional,
aqueles com quem convivem em família ou no
trabalho.
Controle dos impulsos
Um segundo fator é
o controle de impulsos, que se refere à
capacidade de regular a intensidade de seus
impulsos no sistema neuromuscular (nervos e
músculos). É a aprendizagem de não se levar
impulsivamente pela experiência de uma emoção. O
autor explicita que as pessoas podem exercer um
controle frouxo ou rígido do seu sistema
muscular, visto que esse sistema está vinculado
à regulação da intensidade das emoções. Dessa
forma, a pessoa poderá viver uma emoção de forma
exacerbada ou inibida. O controle de impulso
garante a autorregulação dessas emoções ou a
possibilidade de dar a devida força à vivência
de emoções, tornando o grau de compreensão do
autor mais sensivel e apurado mediante a
situação. Ex:Quando um indivíduo perde um ente
querido, e em pouco tempo consegue se recompor
psicologicamente face a perda.
Otimismo
Um terceiro fator
é o otimismo. Nesse fator, ocorre na resiliência
a crença de que as coisas podem mudar para
melhor. Há um investimento contínuo de esperança
e, por isso mesmo, a convicção da capacidade de
controlar o destino da vida, mesmo quando o
poder de decisão esteja fora das mãos.
Análise do
ambiente
O quarto fator é a
análise do ambiente. Trata-se da capacidade de
identificar precisamente as causas dos problemas
e das adversidades presentes no ambiente. Essa
possibilidade habilita a pessoa a se colocar em
um lugar mais seguro ao invés de se posicionar
em situação de risco.
Empatia
A empatia é o
quinto fator que constitui a resiliência,
significando a capacidade que o ser humano tem
de compreender os estados psicológicos dos
outros (emoções e sentimentos)(colocar se no
lugar do outro).
Autoeficácia
Autoeficácia é o
sexto fator, que se refere à convicção de ser
eficaz nas ações propostas.
Alcance de pessoas
O fator
constituinte da resiliência é alcançar pessoas.
É a capacidade que a pessoa tem de se vincular a
outras pessoas para viabilizar soluções para
intempéries da vida, sem receios e medo do
fracasso.
Sentido de vida
O sentido de vida
é a capacidade de entendimento de um propósito
vital de vida. Promove um enriquecimento do
valor da vida, fortalecendo e capacitando a
pessoa a preservar sua vida ao máximo.
Desdobramentos a
partir de 2006
Esses fatores são
similares aos de outras escalas criadas para
avaliar a resiliência em adultos. Wagnild (2009)
considera: perseverança; equanimidade; propósito
de vida; e solidão existencial em sua escala.
Sabbag et al. (2010) criou a escala ERS
especificamente com brasileiros considerando
nove fatores: autoeficácia/autoconfiança;
otimismo aprendido; temperança; empatia;
competência social; proatividade; flexibilidade
mental; solução de problemas e tenacidade. No
transcorrer de novas pesquisas, o Prof. Dr.
Barbosa [SOBRARE] constatou a necessidade de
ampliar sua investigação científica na temática
da resiliência, pesquisando o mapeamento de oito
modelos básicos de crenças. Esse desdobramento,
conhecido como Quest_Resiliência, é estruturado
com uma abordagem teórica da terapia cognitiva,
da psicologia positiva e da teoria geral dos
sistemas, cobrindo oito Modelos de Crenças
Determinantes (MCDs), relacionados à resiliência
a partir de uma abordagem psicossomática.
De 2006 até agora,
as pesquisas possibilitaram ampliar os
entendimentos sobre a resiliência. É vista agora
como o resultado de crenças determinantes que se
organizam em blocos denominados modelos. Esses
MCDs são estruturados desde a primeira infância.
São crenças que se aglutinam quando vamos
conhecendo/aprendendo/experimentando os fatos da
vida com aqueles que nos cercam. Os MCDs são:
-
MCD de
autocontrole - capacidade de se administrar
emocionalmente diante do inesperado. É
amadurecer no comportamento expresso, uma
vez que será esse comportamento que irá ser
lido pelas outras pessoas;
-
MCD de leitura
corporal - capacidade de ler e organizar-se
no sistema nervoso/muscular. É amadurecer no
modo de lidar com as reações somáticas que
surgem quando a tensão ou o estresse se
tornam elevados;
MCD de otimismo
para com a vida - capacidade de enxergar a vida
com esperança, alegria e sonhos. É a maturidade
de controlar o destino da vida, mesmo quando o
poder de decisão está fora de suas mãos;
MCD de análise do
ambiente - capacidade de identificar e perceber
precisamente as causas, as relações e as
implicações dos problemas, dos conflitos e das
adversidades presentes no ambiente;<´>MCD
empatia - capacidade de evidenciar a habilidade
de empatia, bom humor e de emitir mensagens que
promovam interação e aproximação, conectividade
e reciprocidade entre as pessoas;
MCD autoconfiança
- capacidade de ter convicção de ser eficaz nas
ações propostas;
MCD alcançar e
manter pessoas - capacidade de se vincular às
outras pessoas sem receios ou medo de fracasso,
conectando-se para a formação de fortes redes de
apoio e proteção;
MCD sentido de
vida - capacidade de entendimento de um
propósito vital de vida. Promove um
enriquecimento do valor da vida, fortalecendo e
capacitando a pessoa a preservar sua vida ao
máximo.
Cada um dos MCDs
desenvolve resiliência em uma área da vida e o
leque de todos eles juntos contempla a vida de
uma pessoa.
FONTE:
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