Raiva Humana

A raiva é uma zoonose (doença transmitida de animais para o homem) causada por um vírus. É uma das doenças mais graves de que se tem conhecimento. Sua mortalidade é de quase 100%. Nenhuma outra doença infecciosa tem taxa de mortalidade tão elevada. Apesar da vacina, ainda morrem anualmente aproximadamente 70.000 pessoas em todo mundo.

O vírus da raiva é transmitido por mordidas e arranhaduras de mamíferos contaminados. Na maioria dos casos a transmissão ocorre através de cães e gatos. Porém, vários outros mamíferos podem transmitir a doença, entre eles: 

- Furão (ferrets)
- Raposas
- Coiotes
- Guaxinins
- Gambás
- Morcegos

Roedores como esquilos, ratos, coelhos e hamsters não são transmissores usuais de raiva. São raríssimos os casos humanos transmitidos por algum deles.

Animais não mamíferos como lagartos, peixes e pássaros NÃO transmitem raiva.

O vírus da raiva tem tropismo pelo sistema nervoso central, alojando-se frequentemente no cérebro após viajar pelos nervos periféricos.

Sintomas da raiva humana

A encefalite, inflamação do encéfalo, é o resultado final da instalação e multiplicação do vírus no sistema nervoso central. Os sintomas da raiva são todos decorrentes deste acometimento:

- Confusão
- Desorientação
- Agressividade
- Alucinações
- Dificuldade de deglutir
- Paralisia motora
- Espasmos
- Salivação excessiva

Uma vez iniciados os sintomas neurológicos, o paciente evolui para o óbito em 99,99% dos casos.

A evolução da raiva pode ser dividida em 4 partes:

1.) Incubação - O vírus se propaga pelos nervos periféricos lentamente. Desde a mordida até o aparecimento dos sintomas neurológicos costuma haver um intervalo de 1 a 3 meses.

2.) Pródromos - São os sintomas não específicos que ocorrem antes da encefalite. Em geral é constituído por dor de cabeça, mal-estar, febre baixa, dor de garganta e vômitos. Pode haver também dormência, dor e comichão no local da mordida ou arranhadura.

3.) Encefalite - É o quadro de inflamação do sistema nervoso central já descrito anteriormente.

4.) Coma e óbito - Ocorrem em média 2 semanas após o início dos sintomas.

Tratamento da raiva

Se por um lado praticamente 100% dos pacientes morrem após o início dos sintomas, por outro, há vacina e tratamento profilático com imunoglobulinas (anticorpos) em caso de exposição ao vírus.

Em caso de mordida por mamífero, deve-se lavar bem a ferida com água e sabão e se encaminhar para uma unidade de saúde.

Se o animal for doméstico é importante obter a caderneta de vacinação do mesmo atestando sua imunização contra a raiva. Nestes animais o período de incubação é de no máximo 10 dias. Este é o período em que o animal deve ser observado. Se após 10 dias o ele se mantiver saudável, não há risco de se contrair raiva.

Se o animal for selvagem como um morcego, é importante capturá-lo para que ele possa ser analisado. Se não se puder capturar o animal, o tratamento deve ser feito partindo do princípio que este tenha raiva. O mesmo vale para cães e gatos de rua que consigam fugir.

Mordidas na cabeça e no pescoço são as mais graves por estarem próximas do cérebro. Neste caso o tempo de viagem do vírus até o encéfalo é bem mais curto do que, por exemplo, mordidas nas pernas.

Fazer carinho ou receber lambidas de animais em locais de pele intacta não transmitem a raiva. Porém, aquele velho hábito de oferecer feridas para cães lamberem, além de facilitar a infecção bacteriana, pode também transmitir raiva, uma vez que o vírus se encontra na saliva do animal.

A profilaxia pós-exposição (após mordidas por animais suspeitos) deve ser iniciada o mais rápido possível. Existem vários esquemas que envolvem vacinas e imunoglobulinas. Dependendo da gravidade da lesão, o esquema pode incluir até 10 dias seguidos de vacinações diárias mais a administração de imunoglobulina.

Morcegos - Um caso a parte

Morcegos são animais comumente infectados pela raiva. Nos EUA nos últimos 15 anos, mais de 90% dos casos de raiva foram causados por mordidas de morcego.

O grande problema é que a mordida pode passar despercebida, principalmente enquanto a vítima dorme. Por isso, é indicado tratamento para todos aqueles que acordam e encontram um morcego em seu quarto, mesmo não havendo sinais de mordida ou arranhadura.

Como a raiva é muito letal, na dúvida, deve-se sempre assumir que a mordida aconteceu.

O mais importante é entender a gravidade da raiva. Não se deve nunca negligenciar uma mordida ou arranhadura por animais. Não se baseie apenas na aparência do animal para definir se este tem o não a raiva. Uma vez mordido, deve-se encaminhar ao posto de saúde para receber as orientações.

Fonte: MD.SAÚDE