Liderança Jovem
– Desafios e Perspectivas
A Juventude tanto
quanto a maturidade não podem ser vistas de
maneira extrema como virtudes ou defeitos
utilizadas de forma extremada como critério,
inclusive de liderança. Ser jovem ou maduro, de
certa forma, não qualifica ou desqualifica
alguém para uma determinada função, salvo se as
habilidades e competências necessárias forem
radicalmente caracterizadas numa ou noutra
condição.
A Liderança é uma
dessas posições que, em tese, inclina-se muito
mais a maturidade do que a juventude dada a sua
natureza diretiva, organizacional, relacional.
Não se pode negar que o tempo vivido nos coloca
muito mais vezes diante dos dilemas e que se
espera muito mais conhecimento e experiência
daqueles que estiveram a bordo em muitas
turbulências.
A QUESTÃO
EXPERIÊNCIA
Lembro-me de uma
de minhas primeiras viagens de avião, eu era um
adolescente, fui à Porto Alegre visitar um
amigo, estava em companhia de meu irmão Augusto
César (Analista de sistemas, um dos responsáveis
por grandes inovações tecnológicas nos serviços
públicos em Minas Gerais), mais velho e
experimentado nas aventuras aéreas. Durante o
vôo uma turbulência daquelas, comecei a ficar
tenso e preocupado, olhei ao lado e vi o Augusto
simplesmente lendo um livro e cantarolando como
se estivesse no quintal de casa, ele percebeu
minha ansiedade e com olhar sereno e uma risada
reconfortante me disse, nada como uma balançada!
E continuou sua leitura. Tranqüilizei-me
completamente vendo o seu comportamento. Afinal
de contas, se ele que era um “expert” em viagens
aéreas não estava preocupado, porque eu ficaria?
SUPERAR A FALTA
DE EXPERIÊNCIA
A liderança jovem tem que
encarar logo de primeira esse desafio. Passar
serenidade e confiança nos momentos de crise. É
ai que vem duas competências importantes para o
jovem líder, humildade e
gestão de competências,
Sim, pois se alguém precisa orientar ações e
comportamentos em situações ainda não
auto-vivenciadas, precisa encontrar no grupo (ou
fora dele) aqueles que já passaram por situações
pares e delas obter a experiência e
(*)competência, tornando (**)hábil para realizar
ações de forma conjunta e democrática, é aí que
o jovem líder se destaca.
POSIÇÃO X
FUNÇÃO
Vaidade. Sentimento
comum no ser humano, mas um verdadeiro veneno na
liderança. O Olhar deslumbrado para o status faz
com que muitos jovens busquem posições de
liderança simplesmente pela posição, pelo poder,
pelo destaque. Qual de nós, simples mortais, não
gosta de ser visto, admirado e desejado? Mas
certamente a liderança não é o lugar mais
apropriado para isso. Ser líder é uma
conquista, uma construção. Estar líder é
uma situação, uma condição, uma oportunidade
para construir. Definir que se está para se
tornar é uma postura monstruosamente importante
e definitiva.
VAIDADE, STATUS
A Vaidade mostra alguém
focado em si mesmo, preocupado com sua imagem
pessoal, transmitindo aos outros uma idéia, com
o objetivo de ser admirado e aceito, mostrando
com extravagância seus pontos positivos e
escondendo seus pontos negativos. É por isso que
o líder vaidoso não se desenvolve e não
conquista o respeito da equipe, porque em geral,
a partir do momento em que as pessoas percebam a
vaidade, o efeito é exatamente o contrário, ou
seja, rejeição. Liderança, antes de tudo e em
especial para a juventude, deve ser entendida
como FUNÇÃO e não como POSIÇÃO.
O ANTÍDOTO
Certamente as empresas e
organizações precisam ser muito criteriosas na
formação de lideranças, valorizar demasiadamente
as habilidades em detrimento das competências ou
vice versa pode ser um problemão. É preciso
perceber os valores que norteiam a vida dos
candidatos. Seu envolvimento com as pessoas, a
qualidade de suas relações interpessoais, seus
objetivos de vida, sua ética. Muito mais
que observar, é preciso formar, desenvolver
programas vivenciais que alcancem além das
rotinas e atinjam a educação para a vida.
A QUESTÃO
MATURIDADE
Maturidade não é
definida pela passagem por eventos tradicionais,
tais como formar-se, casar-se, ter filhos,
adquirir imóvel, empreender etc. Mas pela
mudança na personalidade e no comportamento.
Maturidade não está na área das exatas, nem
sempre 2+2=4 funciona. Mas quero deixar um
caminho regular para se identificar o processo
de crescimento de uma pessoa:
Inicialmente os nossos
processos de vida são imprevisíveis e sem
controle, dado a falta de experiência, a
emotividade fora do equilíbrio e a dificuldade
de lidar com o fator ansiedade X tempo.
Em um segundo momento,
diante das necessidades, começamos a repetir
ações, colocar disciplina e nossos processos
começam a ganhar padrão. Aí passamos a ter
processos mais consistentes e padronizados em
áreas como relacionamentos interpessoais,
projetos educacionais e profissionais, projetos
de independência pessoal e econômica e outros.
Nesse ponto nossos
processos se tornam, não necessariamente na
sua totalidade, mais previsíveis e controlados,
seguindo um esquema de vida determinado com
poucas variantes. Daí entra o processo de
desenvolvimento humano, propriamente dito, onde
as experiências se voltam para o aperfeiçoado
continuo, a busca pela felicidade, os riscos
calculados, as cisões, as novas perspectivas e
por ai vai.
A QUESTÃO: EM QUE PONTO ALGUEM ESTÁ EM
CONDIÇÕES IDEAIS PARA A LIDERANÇA?
Certamente que,
sem maiores análises, alguém estando um passo a
frente pode liderar o outro que vem um passo
atrás. Para equipes que apresentem homogeneidade
maior na questão maturidade, fica mais fácil
perceber o perfil de liderança mais adequado,
mas quando acontece o contrário, uma mistura de
perfis, estágios de vida e até mesmo
competências e habilidades, é certo que a
liderança deve, preferencialmente, estar não
somente a alguns passos a frente, como também
ser um hábil gestor de relacionamentos e
competências.
ONDE O JOVEM
LÍDER ENTRA AI?
Como mencionei acima, havendo
um programa que acompanhe e sugira a troca de
experiências entre mestres e discípulos, pode-se
fazer a compensação das questões relacionadas a
maturidade e aproveitar toda energia e
habilidade da jovem liderança na condução de
projetos de sucesso. Sugiro nesse contexto que
se dê ênfase ao processo de treinamento de
Gestão de Competências e Relacionamento
Interpessoal, criando um processo de
maturação mais acelerada no jovem líder.
Lembre-se que maturidade é um processo com
etapas variáveis de um indivíduo para outro.
O MITO DA
PERFEIÇÃO
Os conceitos de
competitividade e eficiência presentes na atual
geração chegaram para melhorar todos os
processos presentes nas atividades humanas. As
relações do homem com o contexto produtivo
passou exigir que os indivíduos descubram-se,
cresçam, mudem. Enfim, creio que o
desenvolvimento individual nunca esteve tão em
voga.
ADMINISTRANDO O
CONCEITO
O Conceito eficiência não
pode ser confundido com PERFEIÇÃO, esta
não existe. Um dos desafios que percebo entre os
jovens é o de administrar adequadamente os
limites individuais e coletivos nos processos
produtivos. Existe uma tendência de extrapolar e
perder a sensibilidade exigindo, cobrando e
punindo. Percebe-se também um processo de
padronização de competências, tornando todo
mundo igual. O estilo perfeccionista de liderar
imprime um ritmo descompassado porque vive de
pequenas e inadequadas avaliações seguidas de
redirecionamentos tipo “apaga incêndios”.
Também se utiliza do fator “culpa” como agente
de pressão, o que obviamente produz uma queda na
auto-estima e na capacidade de solucionar
conflitos.
MAS E A
COMPETITIVIDADE?
O cuidado para que
o espírito de competição não caracterize as
relações no grupo é a primeira providência a ser
tomada. Isso ainda deve ser transferido para
outras instâncias, tais como a família, amigos,
clientes e fornecedores. Viver em estado de
competição é um verdadeiro stress. Deve-se
exaltar as habilidades individuais, mas sem
perder de vista o coletivo. É importante que as
pessoas compreendam o valor das realizações
(pessoais e coletivas) e que não estamos no
grupo apenas para dar ou receber, mas para
cooperar e ser parte de um projeto comum e
maior. Dentro desse ambiente pode-se desenvolver
o processo competitivo de forma equilibrada e
eficaz, chamando os indivíduos à disciplina,
superação e sucesso.
AVALIANDO O
DESEMPENHO
Nessa perspectiva, outro
fator importante que necessita atenção é a
Avaliação, outro desafio para as lideranças
jovens, em especial na dificuldade de se
perceber etapas de evolução
individuais/coletivas e transformar informações
em feedbacks para planejamento de novas
estratégias. A concepção deve ser construída de
modo a caracterizar:
-
Observância às
competências / habilidades exigidas /
Resultados
-
Predomínio dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos, de
acordo com a fase de cada um e
inclusão da reorientação de processo;
-
Acompanhamento;
-
Feedback.
Fonte:
Artigonal |