Leucemia
A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos
brancos (leucócitos) de origem, na maioria das
vezes, não conhecida. Ela tem como principal
característica o acúmulo de células jovens
(blásticas) anormais na medula óssea, que
substituem as células sanguíneas normais. A
medula é o local de formação das células
sangüíneas, ocupa a cavidade dos ossos
(principalmente esterno e bacia) e é conhecida
popularmente por tutano. Nela são encontradas as
células mães ou precursoras, que originam os
elementos figurados do sangue: glóbulos brancos,
glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e
plaquetas.
Sintomas
Os principais sintomas da leucemia decorrem do
acúmulo dessas células na medula óssea,
prejudicando ou impedindo a produção dos
glóbulos vermelhos (causando anemia), dos
glóbulos brancos (causando infecções) e das
plaquetas (causando hemorragias).Depois de
instalada, a doença progride rapidamente,
exigindo com isso que o tratamento seja iniciado
logo após o diagnóstico e a classificação da
leucemia.
Segundo as Estimativas de Incidência de Câncer
no Brasil para 2006, publicadas pelo INCA, as
leucemias atingirão 5.330 homens e 4.220
mulheres este ano.
O tipo de leucemia mais freqüente na criança é a
leucemia linfóide aguda (ou linfoblástica). A
leucemia mielóide aguda é mais comum no adulto.
Esta última tem vários subtipos: mieloblástica
(menos e mais diferenciada), promielocítica,
mielomonocítica, monocítica, eritrocítica e
megacariocítica.
Diagnóstico
As manifestações clínicas da leucemia aguda são
secundárias à proliferação excessiva de células
imaturas (blásticas) da medula óssea, que
infiltram os tecidos do organismo, tais como:
amígdalas, linfonodos (ínguas), pele, baço,
rins, sistema nervoso central (SNC) e outros. A
fadiga, palpitação e anemia aparecem pela
redução da produção dos eritrócitos pela medula
óssea. Infecções que podem levar ao óbito são
causadas pela redução dos leucócitos normais
(responsáveis pela defesa do organismo).
Verifica-se tendência a sangramentos pela
diminuição na produção de plaquetas
(trombocitopenia). Outras manifestações clínicas
são dores nos ossos e nas articulações. Elas são
causadas pela infiltração das células leucêmicas
nos ossos. Dores de cabeça, náuseas, vômitos,
visão dupla e desorientação são causados pelo
comprometimento do SNC.
A suspeita do diagnóstico é reforçada pelo exame
físico. O paciente pode apresentar palidez,
febre, aumento do baço (esplenomegalia) e sinais
decorrentes da trombocitopenia, tais como
epistaxe (sangramento nasal), hemorragias
conjuntivais, sangramentos gengivais, petéquias
(pontos violáceos na pele) e equimoses (manchas
roxas na pele). Na análise laboratorial, o
hemograma estará alterado, porém, o diagnóstico
é confirmado no exame da medula óssea
(mielograma).
Tratamento
Como geralmente não se conhece a causa da
leucemia, o tratamento tem o objetivo de
destruir as células leucêmicas, para que a
medula óssea volte a produzir células normais. O
grande progresso para obter cura total da
leucemia foi conseguido com a associação de
medicamentos (poliquimoterapia), controle das
complicações infecciosas e hemorrágicas e
prevenção ou combate da doença no sistema
nervoso central (cérebro e medula espinhal).
Para alguns casos, é indicado o
transplante de medula óssea. O
tratamento é feito em várias fases. A primeira
tem a finalidade de atingir a remissão completa,
ou seja, um estado de aparente normalidade que
se obtém após a poliquimioterapia. Esse
resultado é conseguido entre um e dois meses
após o início do tratamento (fase de indução de
remissão), quando os exames não mais evidenciam
células leucêmicas. Isso ocorre quando os exames
de sangue e da medula óssea (remissão
morfológica) e o exame físico (remissão clínica)
não demonstram mais anormalidades.
Entretanto, as pesquisas comprovam que ainda
restam no organismo muitas células leucêmicas
(doença residual), o que obriga a continuação do
tratamento para não haver recaída da doença. Nas
etapas seguintes, o tratamento varia de acordo
com o tipo de leucemia (linfóide ou mielóide),
podendo durar mais de dois anos nas linfóides e
menos de um ano nas mielóides. São três fases:
consolidação (tratamento intensivo com
substâncias não empregadas anteriormente);
reindução (repetição dos medicamentos usados na
fase de indução da remissão) e manutenção (o
tratamento é mais brando e contínuo por vários
meses). Por ser uma poliquimioterapia agressiva,
pode ser necessária a internação do paciente nos
casos de infecção decorrente da queda dos
glóbulos brancos normais pelo próprio
tratamento.
Principais Procedimentos Médicos no Tratamento
da Leucemia
1. Mielograma: É um exame de grande
importância para o diagnóstico (análise das
células) e para a avaliação da resposta ao
tratamento, indicando se, morfologicamente,
essas células leucêmicas foram erradicadas da
medula óssea (remissão completa medular). Esse
exame é feito sob anestesia local e consiste na
aspiração da medula óssea seguida da confecção
de esfregaços em lâminas de vidro, para exame ao
microscópio. Os locais preferidos para a
aspiração são a parte posterior do osso ilíaco
(bacia) e o esterno (parte superior do peito).
Durante o tratamento são feitos vários
mielogramas.
2 - Punção lombar: A medula espinhal é
parte do sistema nervoso, que tem a forma de
cordão, e por isso é chamada de cordão espinhal.
A medula é forrada pelas meninges (três
membranas). Entre as meninges circula um líquido
claro denominado líquor. A punção lombar
consiste na aspiração do líquor para exame
citológico e também para injeção de
quimioterapia com a finalidade de impedir o
aparecimento (profilaxia) de células leucêmicas
no SNC ou para destruí-las quando existir doença
(meningite leucêmica) nesse local. É feita na
maioria das vezes com anestesia local e poucas
vezes com anestesia geral. Nesse último caso, é
indicado em crianças que não cooperam com o
exame.
3 - Cateter Venoso Central: Como o
tratamento da leucemia aguda pode alcançar até
três anos de duração e requer repetidas
transfusões e internações, recomenda-se a
implantação de um cateter de longa permanência
em uma veia profunda, para facilitar a aplicação
de medicamentos e derivados sangüíneos além das
freqüentes coletas de sangue para exames,
evitando com isso punções venosas repetidas e
dolorosas.
4 - Transfusões: Durante o tratamento,
principalmente na fase inicial, os pacientes
recebem, quase diariamente, transfusões de
hemáceas e de plaquetas, enquanto a medula óssea
não recuperar a hemopoese (produção e maturação
das células do sangue) normal.
FONTE: Ministério de Saúde |