Doença de Aujeszky

Doença infecto-contagiosa causada por um herpes vírus, que provoca graves prejuízos econômicos nas explorações infectadas devido à elevada mortalidade dos leitões; Imunodepressão e atraso no crescimento dos porcos de engorda; perdas reprodutivas das porcas em gestação.

Epidemiologia

É uma doença amplamente disseminada nos países de suinocultura industrial. Ocorreu um aumento na prevalência nos últimos 5 a 10 anos. Ruminantes felinos, caninos e roedores são sensíveis, mas a doença raramente ocorre e, em geral é fatal, com eliminação nula do vírus. 
Morte de cães e gatos em explorações de suínos com sinais nervosos e comichão é um forte indicativo da doença de Aujeszky. 

O porco é o reservatório natural da doença (na forma da doença sub clínica, o suíno elimina continuamente o vírus).

O vírus está presente nas secreções nasais e saliva dos animais doentes a partir de 7 a 10 dias após a infecção. A via de infecção é a respiratória e oral.

Doença auto limitativa em varas com menos de 100 matrizes, ou seja, após algumas semanas os sinais clínicos desaparecem. Em varas maiores, a tendência é pela perpetuação da doença na forma endémica.

Após infecção natural, as porcas transferem anticorpos pelo colostro (proteção até as 7 a 10 semanas de idade).

Porcas vacinadas transferem anticorpos pelo colostro que protegem os leitões da primeira ninhada até os 24 dias de idade.

Transmissão

via contacto directo entre animais, água e alimentos contaminados (eliminação do vírus principalmente pelo aparelho respiratório, podendo ser eliminado pelo leite). 
A vacinação não impede a infecção, os suínos tornam-se portadores e eliminam o vírus de forma intermitente e por no mínimo 7 dias após a infecção. Apesar de pequena, a quantidade de vírus eliminada é suficiente para provocar a doença em animais susceptíveis. 
Situação de stress - portadores eliminam o vírus. 

Aerossóis - importância relevando na disseminação da doença. Por este motivo, em áreas de grande concentração de suínos, torna-se difícil controlar a disseminação do vírus, que pode ser transportado até 9 km pelo vento.

Patogenia.

A infecção pode ocorrer por contacto direto com animais doentes ou portadores, ou aerossóis. 
Forma nervosa – o vírus multiplica-se inicialmente no epitélio do trato respiratório superior, invadem as células olfativas, atinge o bolbo olfativo (nova multiplicação) e atinge o SNC.

Forma respiratória – o vírus chega ao pulmão, multiplica-se nas células alveolares e nos macrófagos, que são então destruídos pelo sistema imune so suíno (imunodepressão). 
A infecção uterina pode interferir em todos os estágios de desenvolvimento embrionário e fetal, podendo provocar abortos, nascimento de fetos mumificados, infertilidade, etc.

Sinais Clínicos

Forma clássica: manifesta - se sob 3 formas clínicas: sinais nervosos, respiratórios e reprodutivos. 

Leitões de 1 semana: sinais pouco nítidos. Podem apresentar hipotermia, inapetência, depressão, pêlos eriçados, salivação espumosa e morte de até 90% dos leitões.

Leitões de 8 a 35 dias: predominam os sinais nervosos como convulsões, movimentos de pedalar, andar sem rumo, tremores musculares, decúbito lateral, opistótono e nistagno. A doença pode evoluir rapidamente com morte em até 2 dias após o aparecimento dos sinais. Surtos da doença descritos em Santa Catarina, em 1983 e 1984, se caracterizam por morte de até 100% das leitegadas de menos de 2 semanas de idade. 

Animais de recria, terminação e reposição: os sinais nervosos graves tornam - se menos comuns, quanto maior a idade dentro deste período. Observa-se hipotermia, anorexia durante 2 a 3 dias, abatimento, constipação e eventualmente, sinais respiratórios (tosse, espirros e dispneia). 

Porcas em lactação: hipotermia, constipação, anorexia, agalaxia e transtornos puerperais. 

Porcas em gestação: hipotermia, anorexia, movimentos de falsa mastigação, salivação intensa e problemas reprodutivos caracterizados por reabsorção fetal, retornos ao cio, mumificação, abortos, nados mortos, mal formações, nascimento de leitões fracos e infertilidade. 

Forma respiratória: vírus com predileção pelo tecido respiratório, causando pneumonia. O vírus provoca uma imunodepressão, pois multiplica se nos macrófagos, que são posteriormente destruídos pelo sistema imune. Por isto, em propriedades que possuem esta forma da doença, quando desaparecem os anticorpos maternos (70 dias de idade), os leitões infectam se com o vírus que vai ao pulmão e multiplicam-se nas células alveolares e macrófagos, predispondo o pulmão a infecções bacterianas secundárias como a pleuropneumonia e a pneumonia por Pasteurella sp.

Forma sub clínica: há a infecção, mas não se manifestam os sinais característicos da doença. Esta forma pode aparecer devido a baixa quantidade de vírus circulante ou devido a baixa patogenicidade da cepa infectante.

Estado de Latência: após infecção aguda, os animais desenvolvem imunidade e excretam o vírus por um curto período. Depois param de excretar o vírus, mas permanecem infectados com este em estado de latência, ou seja, o vírus permanecer no organismo expressando apenas o seu genoma ou ainda pode permanecer nas células sem expressar o genoma. Pode ocorrer a reactivação do vírus no organismo em situações de stress nos animais. 

Diagnóstico

Presuntivo: baseado no histórico, sinais clínicos e lesões. Isolamento viral: facilmente isolado o vírus nos casos agudos. Enviar cérebro resfriado ao laboratório. 

Diagnóstico sorológico: anticorpos detectáveis no soro a partir dos 7 a 12 dias após a infecção natural ou vacinação. Os títulos permanecem por 12 a 18 meses.  

Tamanho da amostra:  

REPRODUTORES: 15% (no mínimo 30 amostras), ANIMAIS DA ENGORDA: 10% (no mínimo 50 amostras)

Soro neutralização (SN): teste bastante sensível e de referência no diagnóstico da doença de Aujeszky. Demora 4 a 5 dias. 
Teste de ELISA: rápido (mesmo dia). Falsos resultados (soro contaminado ou hemolisado). 
Teste de ELISA competitivo: teste utilizado para diferenciar anticorpos vacinais, de infecção. Este teste só é possível de ser realizado, se os animais forem vacinados com vacinas delegadas, ou seja, vacinas produzidas sem determinadas proteínas do vírus.